23 setembro, 2008

Leitura.com



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Federico Andahazi

O anatomista


Um pedacinho....


O SÉCULO DAS MULHERES

O século XVI foi o século das mulheres. A semente que Christine de Pisan semeara cem anos antes florescia por toda a Europa com o doce perfume de O ditado dos verdadeiros amantes. Não foi de modo algum casual que o descobrimento de Mateo Colombo tenha eclodido no tempo e no espaço em que se deu. Até o século XVI, a História era narrada pela grave voz masculina. ”Onde quer que se olhe, lá está ela com a sua infinita presença: do século XVI ao XVIII, na cena doméstica, econômica, intelectual, pública, conflitual e até mesmo lúdica da sociedade, encontramos a mulher. Em geral, solicitada por suas tarefas cotidianas. Mas também presente nos acontecimentos que constituem, transformam ou dilaceram a sociedade. De cima a baixo da escala social, ela ocupa o conjunto dos espaços, e sobre a sua presença falam constantemente aqueles que a contemplam, amiúde para assustar-se”, declaram Natalie Zemón e Arlette Farge em História das mulheres. (História das mulheres, Editorial Taurus.)

O descobrimento de Mateo Colombo surge, precisamente, quando os âmbitos das mulheres - sempre da porta para dentro - começam, pouco a pouco e sutilmente, a sair dos muros dos beatérios e dos monastérios, dos prostíbulos ou da tépida, mas não menos monástica, doçura do lar. A mulher, timidamente, atreve-se a discutir com o homem. Com algum exagero, chegou-se a dizer que no século XVI foi travada a ”Batalha dos sexos”. Verdade ou não, a questão das incumbências das mulheres instala-se como um tema de discussão entre os homens.

Em tais circunstâncias, o que era a ”América” de Mateo Colombo? Certamente, o limite entre descoberta e invenção é muito mais difuso do que parece à primeira vista. Mateo Colombo - é hora de dizer descobriu aquilo com que todo homem sonhou alguma vez: a chave mágica que abre o coração das mulheres, o segredo que governa a misteriosa vontade do amor feminino. Aquilo que, desde o começo da História, foi buscado por bruxos e feiticeiras, xamãs e alquimistas - mediante a infusão de toda sorte de ervas ou o favor de deuses e demônios -, aquilo, enfim, que todo homem apaixonado sempre ansiou, ferido pelo desamor do objeto de seus desvelos e de sua desdita. E também, aliás, aquilo com que os monarcas e governantes sonharam, pela mera ambição da onipotência: o instrumento que subjugasse a volátil vontade feminina. Mateo Colombo buscou, peregrinou e, finalmente, encontrou a sua ”doce terra” desejada: ”o órgão que governa o amor nas mulheres”. O Amor Veneris - tal é o nome com que o anatomista batizou-o, ”se me é permissível dar nomes às coisas por mim descobertas” - constituía um verdadeiro instrumento de potestade sobre o escorregadio - e sempre obscuro - arbítrio feminino. Por certo, tal achado apresentava mais de uma aresta: ”com que calamidades a cristandade não se veria confrontada se as hostes do demônio se apoderassem do feminino objeto do pecado?” perguntavam-se, escandalizados, os Doutores da Igreja. ”O que seria do rentável negócio da prostituição se qualquer pobre entrevado pudesse ganhar o amor da mais cara das cortesãs?”, perguntavam-se os ricos proprietários dos esplêndidos lupanares de Veneza. Ou, ainda pior, o que aconteceria se as filhas de Eva descobrissem que trazem no meio das pernas as chaves do céu e do inferno?

O descobrimento da ”América” de Mateo Colombo foi também - e na sua medida - uma épica, cortada pela ladainha de um réquiem. Mateo Colombo foi tão feroz e impiedoso quanto Cristóvão; como aquele - e com a mesma literal propriedade -, foi um colonizador brutal que reclamava para si mesmo o direito sobre as terras descobertas: o corpo da mulher.

Mas, por outro lado, para além do que o Amor Veneris significava, uma outra polêmica seria suscitada pelo que era esse órgão. Existirá o órgão que Mateo Colombo descreveu? Esta é uma pergunta inútil que deveria, em todo caso, ser substituída por outra: Existiu o Amor Veneris? As coisas são, ao fim e ao cabo, as vozes que as nomeiam. Amor Veneris, vel Dulcedo Apeleteur - nome com que o seu descobridor batizou o órgão - tinha um conteúdo fortemente herético. Se o Amor Veneris coincide com o menos apóstata e mais neutro klitóris (comichão) - que alude a efeitos antes que a causas -, é um assunto que haverá de preocupar os historiadores do corpo. O Amor Veneris existiu por razões diferentes das razões da anatomia; existiu não só porque fundou uma nova mulher, mas porque, além disso, promoveu uma tragédia. O que vem a seguir é a história de um descobrimento.


Peranbulando pela net:


Achei esse trecho mega super interessante... do blogger nome próprio ...link ao lado...


MULHER


Voltando à história : primeiro - na antiguidade as mulheres eram máquinas de parir primogênitos machos, e se assim não fizessem, perdiam o posto de ‘predileta’. No seu oposto tinha a cortesã. O lugar da mulher era o da anulação da intensidade afetiva feminina, pois voltando da guerra o homem queria uma pele perfumada e uma amante silenciosa. Depois, na idade média, as mulheres intensas viravam bruxas: as que detinham poderes misteriosos das profundezas da alma e dos mistérios humanos. Algumas poucas se transformaram em guerreiras e foram queimadas em praça pública. Guerra era para os homens. As mulheres pagavam com a vida quando traiam suas condições de "esposas" - por terem desejo, por quererem exercer sua feminilidade: Guenièvre.

É Freud no final do século 19 que postula que sexualidade é prazer. Mas diz que só há um sexo: o masculino. Portanto, mulher com muito desejo é histérica, mulher com muita vontade própria é uma "mala". Mulher que é mulher cuida da casa, dos filhos e de noite é uma gueixa. Perfumada e silenciosa. Só que não goza. Gozo, prazer é visto como excesso. Em ambos os sexos. Hedonismo.

Somente a 50 anos atrás, por causa de um evento desejado pelo homem: o controle da natalidade - com a invenção da pílula - a mulher consegue finalmente sua tardia liberdade sexual. Ela enfim tinha um órgão sexual livre do estigma da reprodução e que pode ser usado exclusivamente para seu prazer.

Pobres senhores, pois com a liberação sexual da mulher, ela deixa de ser ou reprodutora ou cortesã e passa a ser mulher, essa é a grande transformação do final do século XX - o papel psico-social da mulher e uma mudança fundamental do papel dessa mulher na relação homem/mulher em quaisquer dos campos da manifestação humana. Em vez do grande embate entre capitalismo/comunismo esperado para a segunda metade do século XX, o que aconteceu como mudança radical foi o da "ontologia" feminina.







22 setembro, 2008

Sonho ou Pesadelo ?.com

Ops!!! Onde eu estou? Literalmente, eu não sei. Unhas vermelhas, meu cabelo balança! Ai meu Deus !!! Será que fiz progressiva enquanto dormia? Cabelo lisão, loirão, olhos azuis, corpão. Hãn?!?! Sim. Me tornei uma mulher possível. Faço parte da família da Ingrid Guimarães, ou será da Joana Balaguer? Eu gêmea da Carolina Dieckman?! Linda, leve e solta, não, isso não é possível!!! Agora só falta os paparazzis me perseguindo. Toca o telefone, atendo ou não atendo? Não, não atendo, pode ser eles! Jogo uma água no rosto, bebo um copo de água, é o despertar de toda manhã, abro a janela e deixo o sol entrar. Hãnnnnnn!!! O que é aquilo?Um outdoor enorme aparece ao longe por entre as árvores bem na frente do meu prédio, a luz matutina do sol quase me cega, e eu mal consigo enxergar por entre as folhagens. Ops! Aquela orelha se parece muito com a minha, a boca, o queixo. Resolvo descer para checar. Quando me deparo com uma foto jeito meio Rakelli de ser, comercial de creme dental. Caraca Maluco! (Expressão de Big Brother). Essa daí não sou eu?! Estou de biquíni fazendo pose de miss com sorriso forçado. Até já coloquei silicone, mais nunca posei na Playboy. O que eu estou fazendo nessa foto? Será que morri, reencarnei famosa e esqueceram de me avisar?!

- Moça, pode me dar um autógrafo? Pedia a menininha puxando o meu pijama. Clicks, Clicks, Clicks...

- Querida, a titia até que gostaria, mais agora ela tem que correr e sai em disparada. Claro! Tinha pelo menos umas 20 pessoas com equipamentos de peso atrás de mim, celulares, câmeras digitais, filmadoras minúsculas e etc. No século 21 tudo é possível. Flash, flashs, flashs e mais flashs. Já sei, eu sou a irmã gêmea da Kelly key, eu quero ser famosa, ser uma grande artista, gravar comercial, ser capa de revista.... vou dar o maio gritão ahhhhhhhhhhhhh!!! Tinha uma pedra no meio do caminho. Ploft !!! me esburrachei toda no chão e bati a cabeça!

Acordaaaaaaaaaaaaaaaaaa!! Gritava a minha mãe.

Ops!!! Tô viva, meu quarto, meu cabelo, minhas unhas, minha casa! Foi só um sonho!?!? Graças a Deus!!! É sempre bom saber que nem só de glamour vive uma celebridade.

10 setembro, 2008

A mais pura Verdade.com

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

08 setembro, 2008

Pra Começar !!!


O contrário do Amor

O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.
Martha Medeiros